Acreditamos que fatores socioeconómicos, guerras, catástrofes naturais e epidemias condicionam a forma como desenvolvemos a arquitetura. No início do século XX, a tuberculose foi um dos problemas de saúde mais prementes, o que desencadeou a construção de inúmeros edifícios designados de sanatórios. Nesta situação, a arquitetura desenvolvida foi parte da cura. Por exemplo, a correta ventilação natural dos espaços e a luz direta do sol mostrou-se eficaz a eliminar as bactérias da tuberculose.
Recentemente, vimo-nos confrontados com uma nova crise sanitária que impactou as nossas vidas e, consequentemente, os projetos que desenvolvemos. A forma como usufruímos quer de espaços privados (p.e. habitações) quer de espaços públicos (p.e. escritórios, comércios, clínicas, hospitais…) alterou rápida e drasticamente.
De um dia para o outro, as nossas casas tornaram-se num espaço de permanência. Serviram-nos de local de trabalho, área de lazer, de ginásio, sala de aula e até mesmo de ponto compras.
Os postos de trabalho passaram a estar segmentados através de acrílicos ou vidros e eram regularmente desinfetados. Começamos novas dinâmicas de interação quer com os colegas de trabalho quer com os clientes. Além disso, o teletrabalho foi amplamente utilizado e observou-se uma drástica diminuição do preconceito a respeito do mesmo.
Os centros de saúde, hospitais e similares, precisaram de se reorganizar e ampliar as estruturas ou para edifícios pré-existentes ou pré-fabricados para que se pudesse dar uma resposta mais eficiente.
Neste momento retomamos uma normalidade da qual fará parte o coronavírus. Nos vários enquadramentos que referimos anteriormente sabemos que haverá uma crescente necessidade de versatilidade dos espaços e que uma boa parte dos materiais a serem utilizados devem estar aptos ao desgaste provocado pela permanente necessidade de desinfeções.
No contexto habitacional, para além da necessidade de flexibilidade para organizar tanta dinâmica diferente, precisávamos que a compartimentação existente fosse bem insonorizada para facilitar as reuniões e as aulas online. De uma forma simplista, os ambientes interiores não eram fáceis de alterar para que o nosso tédio diminuísse.
Ainda que todos os aspectos mencionados anteriormente estivessem presentes, as nossas necessidades não ficariam supridas apenas no interior das nossas casas, porque precisamos de espaços exteriores de qualidade. As varandas revelaram-se pequenas e os terraços incapazes de substituir os jardins. Por todos estes aspetos, atualmente dificilmente conseguiremos olhar para uma casa sem nos questionarmos “Como será ficar preso meses aqui dentro?”
Consideramos que projetar pressupõe uma predisposição quase natural para acompanhar a volatilidade com que os paradigmas do mundo se alteram. É tempo de colocar em prática os projetos pendentes, e torná-los versáteis ao ponto de permitir dinâmicas de uso diferenciadas dentro do mesmo espaço.
É o que estamos a fazer na CURBI. Acompanhe!